" Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E porque à medida que se acostuma esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão."
Essas palavras de Marina Colasanti, em seu livro Eu sei mas não devia, nos remete a uma reflexão sobre o estilo de vida do homem contemporâneo, um comportamento de escravo do relógio, com tendência individualista, que se esquece de idéias simples e antigas que podem fazer a diferença na vida das pessoas.
Falo de fatos comprovados, como por exemplo, a necessidade do ser humano de viver em sociedade. E viver em sociedade significa relacionar-se com nossos semelhantes para que juntos possamos conviver em harmonia com a natureza.
Neste sentido, os olhares silenciosos e desconfiados que são expostos nos corredores, elevadores e calçadas da nossa vizinhança do lugar de morar, de trabalhar, de estudar e outros, poderiam ser trocados por um sorriso, uma saudação de bom dia, boa tarde ou boa noite... aos poucos perder o medo de arriscar um "como vai você?".
Experimentar os sinais de vida que a natureza nos oferece mesmo estando numa selva de pedras: o ar fresco da manhã, o raios do sol que aquecem o dia, o verde das plantas, o brilho do luar e das estrelas, o que mais vier ...
Afinal, a gente se acostuma, mas pode fazer diferente se quiser! E sem medo de ser feliz.
Quem sabe é esta a vista que está faltando na vida da gente!?